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28/4/2025

A difícil conexão entre empresas e a Geração Z

Larissa Mota, CEO do Grupo Exímia*

A entrada da Geração Z no mercado de trabalho não representa apenas uma renovação etária. Ela simboliza uma transformação profunda nos valores e nas expectativas dentro do ambiente corporativo. Nascidos entre 1997 e 2012, esses jovens profissionais chegam com demandas claras por flexibilidade, propósito e diversidade. No entanto, ainda encontram empresas estruturadas em modelos antigos, com lideranças que insistem em aplicar as mesmas fórmulas utilizadas com gerações anteriores — uma estratégia que claramente não funciona mais.

O relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great People & GPTW, mostra que 51,6% das empresas enfrentam dificuldades em lidar com diferentes gerações, sendo que 68,1% dessas dificuldades estão relacionadas à Geração Z. Em comparação, os atritos com os Baby Boomers representam apenas 11,4%. Isso evidencia que o problema não está nos jovens profissionais, mas na falta de preparo estrutural das organizações para acolher e se adaptar às novas formas de pensar e trabalhar. Enquanto as empresas oferecem estabilidade e planos de carreira longos, os jovens querem escuta ativa, coerência entre discurso e prática, e ambientes mais humanos.

Essa incompatibilidade revela uma cultura corporativa engessada, que valoriza hierarquias rígidas e tem pouca abertura ao diálogo. Falta empatia na liderança e disposição para reformular processos ultrapassados. Muitos gestores ainda rotulam a Geração Z como “difícil”, quando, na verdade, ela apenas se recusa a aceitar ambientes tóxicos e desconectados da realidade atual. A diversidade não pode ser apenas marketing institucional; precisa estar presente na composição dos times e nas decisões estratégicas. A flexibilidade, por sua vez, não representa desordem, mas sim maturidade para lidar com liberdade e responsabilidade.

Para que a integração entre gerações ocorra de forma produtiva, as empresas precisam reconhecer que o modelo tradicional está em xeque. A escuta ativa deve se tornar uma prática institucional, os líderes precisam ser mais humanos, e o RH deve deixar de ser burocrático para se tornar estratégico. A Geração Z não é um problema, é uma oportunidade. Compreendê-la e incluí-la com autenticidade é o que permitirá às organizações crescer e se manter relevantes. O futuro pertence a quem tiver coragem de evoluir — e a integração geracional é o primeiro passo nessa jornada.

*Larissa Mota é advogada, empreendedora e cofundadora do Grupo Exímia - especialista em tercerização de folha de pagamento e gestão de benefícios.